Os dirigentes de todos os hospitais da Região Metropolitana de Belém que mantêm atendimento a parturientes serão convidados, nesta quarta-feira, 24, para uma reunião com o secretário de Estado de Saúde, Hélio Franco, para discutir a resolução de problemas que têm provocado a superlotação da unidade neonatal do Hospital da Santa Casa. A dificuldade é maior nos finais de semana, quando alguns hospitais conveniados ao SUS reduzem o atendimento ou deixam de receber parturientes – inclusive em situações de gravidez de risco – e essa demanda é toda dirigida para a maternidade mais antiga do Pará.
O secretário se reuniu no final da manhã com os funcionários da Santa Casa para apresentar a comissão formada por quatro médicas, coordenada por Eunice Begot, que vai responder pela gestão da Fundação Santa Casa de Misericórdia interinamente.
Integrada ainda por Ângela Monteiro, Vânia Cecília e Neila Dahas, a equipe foi nomeada por decreto do governador Simão Jatene, em substituição à ex-presidente da instituição, Maria do Carmo Lobato, afastada após a morte dos bebês gêmeos por falta de atendimento.
"Vamos deixar uma verdade bem clara", avisou Hélio Franco, ao receber a imprensa logo após a conversa com os funcionários. “O fato de a Santa Casa estar com a capacidade de atendimento neonatal esgotada, por conta dessa lacuna deixada por hospitais conveniados, não apaga o erro cometido na madrugada de terça-feira, quando se recusou atendimento a uma paciente em trabalho de parto, que é uma situação de emergência", registrou.
Transparência
Tanto o secretário quanto a coordenadora da equipe que vai dirigir a Santa Casa, Eunice Begot, lamentaram a morte dos bebês prematuros, garantiram o atendimento pleno à mãe das crianças natimortas, Vanessa do Socorro Santos, que permanece internada na Santa Casa de Misericórdia e falou livremente com a imprensa. Eles também se comprometeram a impedir que situações semelhantes se repitam naquele hospital. “O governador foi categórico na orientação dada para toda a área de Saúde do Estado: nossa prioridade é a vida. Não se pode perder vidas por conta de protocolos", sublinhou Hélio Franco.
Na manhã de ontem, o atendimento foi normal nas unidades de obstetrícia, neonatologia, clínica médica, clínica cirúrgica e pediatria e também nos sete ambulatórios especializados. A rotina foi quebrada pela presença de repórteres, que tiveram acesso a todas as alas do hospital para verificar as condições de trabalho e conversar com pacientes.
Os jornalistas verificaram, por exemplo, que a capacidade da unidade neonatal, que é de 107 bebês, prestava assistência, naquele momento, a 15 crianças a mais do que o seu limite. Ainda assim, o atendimento não foi comprometido. Um exemplo recente de como a Santa Casa fica assoberbada de pacientes além dos limites de sua capacidade ocorreu na época do Carnaval deste ano. Como os hospitais conveniados ao SUS reduziram seu atendimento naquele período, a Santa Casa recebeu nada menos que 427 pacientes em três dias de feriado, sem recusar nenhum. Graças a essa dedicação, houve um recorde de partos no carnaval: 93 mães deram à luz em quatro dias, quase o dobro da média.




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