Gêmeos morrem por
falta de leitos na UTI
da Santa Casa
Uma médica da Santa Casa foi detida, na manhã desta terça-feira (23), acusada de omissão de socorro. Ela teria negado atendimento a uma mulher grávida de gêmeos. Os bebês morreram. Um deles teria nascido em uma viatura do Corpo de Bombeiros na porta do hospital. O caso está sendo apurado pela Polícia Civil. A Santa Casa nega a omissão no atendimento e diz que a médica não recebeu a paciente por falta de leito na UTI neonatal do hospital. A assessoria da Santa Casa também nega que ela tenha sido detida. Segundo a Santa Casa, a médica se apresentou na delegacia espontaneamente.
Segundo informou o Ciop, a mulher, que faria tratamento de pré-natal na Santa Casa de Misericórdia, teria vindo de Outeiro, onde mora, por volta das 4h da manhã, com fortes dores e procurado atendimento primeiramente na Santa Casa. Com a negativa, ela teria se dirigido ao Hospital das Clínicas. 'Como os médicos se recusaram a atendê-la nos dois hospitais, o marido dela acionou os Bombeiros através do Ciop e pediu apoio', explicou a capitã Mônica Figueiredo.
Segundo a oficial, os bombeiros só souberam que a paciente já vinha da Santa Casa, onde teria tido atendimento negado, quando chegaram no HC. De lá, decidiram retornar ao primeiro hospital, onde a mulher teve, novamente, o atendimento negado. 'Não deixaram que a nossa viatura entrasse no hospital e um dos nossos oficiais ficou cerca de vinte minutos tentando convencer a médica a atendê-la. Quando percebeu, a mulher já estava tendo um dos bebês dentro da viatura', contou Figueiredo.
Ainda segundo ela, o primeiro bebê nasceu morto e, depois disso, a médica do plantão, Cíntia L., teria decido apela internação da mulher, que teria perdido o segundo bebê em seguida. Foi então que policiais militares que acompanhavam a ocorrência deram voz de prisão à médica e a encaminharam à seccional do Comércio.
Sindicância - O Conselho Regional de Medicina informou que teve conhecimento do caso pela imprensa e que vai abrir uma sindicância para apurar os fatos. 'Mesmo tendo conhecimento pela imprensa, já consideramos uma sindicância aberta', informou o conselheiro federal pelo CRM, Antônio Pinheiro.
Ele explica que, a sindicância começa com a chamada da médica e da presidente da Santa Casa para prestar esclarecimentos sobre o caso. 'Primeiramente vamos saber mais detalhes como o nome completo da médica, endereço, para que ela receba o comunicado, através de correspondência, para comparecer ao CRM para ser ouvida', explicou Pinheiro.
Ainda segundo o Conselheiro, as envolvidas terão garantido o direito de ampla defesa. Caso o fato seja comprovado, elas estão sujeitas às cinco penalidades previstas pelo Conselho que são: a advertência confidencial, advertência pública, censura pública, suspensão de 30 dias ou cassação da licença.
Outro lado - Em entrevista coletiva na manhã de hoje a presidente da Santa Casa, Maria do Carmo Lobato, negou que a obstetra do plantão tivesse negado atendimento a paciente Vanessa do Socorro Costa. Segundo ela, tudo não passou de um mal entendido. Vanessa estava grávida de 30 semanas, era paciente do hospital, mas segundo Lobato, não fazia pré-natal lá.
A médica teria explicado aos bombeiros que não podia receber mais uma paciente porque o hospital estava superlotado, sem vagas na UTI de neonatologia. 'Mas o bombeiro entendeu que ela não estava querendo atendê-la e deu voz de prisão à médica', explicou. A questão da superlotação, segundo Lobato, já teria inclusive sido informada às secretarias municipal e estadual de saúde.
A presidente do órgão falou da gravidade da situação de leitos na UTI neonatal. 'Hoje temos 123 recém nascidos de alto risco, mas a nossa capacidade é de 107. Então estamos realizando um trabalho sobre-humano para atender essa demanda', desabafou.
Desde a última sexta-feira, a Santa Casa têm restringido o acesso de pacientes que ainda não completaram 9 meses de gestação, ou seja, estão em gestação de risco. Ainda segundo a presidente da fundação, a paciente teve atendimento. O parto foi realizado, mas os bebês nasceram mortos. Vanessa ainda está internada com quadro estável e recebe todo o atendimento necessário.
Os corpos dos bebês foram encaminhados ao Centro de Perícias Renato Chaves, onde devem passar por necropsia.Sobre a médica, a presidente da fundação explicou que ela e a enfermeira do plantão não foram presas, mas se apresentaram espontaneamente na delegacia, acompanhadas de advogados da Santa Casa.
A direção da Santa Casa informou que vai abrir procedimento administrativo para apurar o caso. Mas a médica não será afastada, porque, a fundação acredita que ela não cometeu nenhum crime, estava apenas realizando seu trabalho. 'É uma injustiça esse mal entendido', declarou Lobato.
Fonte: Redação Portal ORM
Fotos: Bruno Magno
Polícia ouve bombeiros
e pai de gêmeos
mortos por falta de leito
O pai dos gêmeos que morreram por falta de atendimento prestou depoimento à polícia, nesta terça-feira (23), na Seccional do Comércio. A polícia abriu um inquérito para apurar os fatos. A mãe das crianças, Vanessa Castro, teve atendimento negado na Santa Casa e no Hospital de Clínicas.
Os bombeiros que ajudaram a socorrer Vanessa também prestaram esclarecimentos à polícia. Segundo o assessor de imprensa da Polícia Civil, Walrimar Santos, a médica e as enfermeiras que estavam de plantão na hora do ocorrido não foram ouvidas. 'Como a demanda foi grande, os policiais agendaram um período para a equipe médica depor. Elas foram apresentadas e deixaram os dados pessoais', afirma. Em seguida, elas foram liberadas.
Por telefone, a assessoria de imprensa da Santa Casa informou que o estado de saúde de Vanessa é estável, mas não há previsão de alta devido a uma doença crônica que a paciente tem, mas não detalhou qual é essa doença.
Governador exige
apuração rigorosa da
morte de gêmeos
O Governo do Pará vai apurar com rigor os acontecimentos que levaram à morte de dois recém-nascidos no Hospital da Santa Casa de Misericórdia, em Belém, nesta terça-feira (23). A determinação foi dada pelo governador Simão Jatene, que estava em Brasília, cumprindo agenda de trabalho e, tão logo tomou conhecimento do ocorrido decidiu retornar imediatamente ao Estado para acompanhar de perto a apuração dos fatos.
A presidente da Fundação Santa Casa, Maria do Carmo Lobato, disse que acompanhará toda a investigação, inclusive a apuração da Polícia Civil, para depois tomar as medidas que o caso requer. “Como medida de transparência e no maior interesse de esclarecer o episódio, estamos abrindo uma sindicância", informou ela.
O secretário de Estado de Saúde Pública, Helio Franco, afirmou que a superlotação na UTI Neonatal não poderia ser motivo para que a paciente deixasse de ser atendida. “Ela deveria, pelo menos, ter sido encaminhada para um leito, até que se procedesse a transferência para um hospital regulado pelo SUS, principalmente levando-se em consideração o fato de ser uma gravidez de risco”, reiterou.
De acordo com a direção da Santa Casa, a mãe, que estava com 30 semanas de uma gravidez de alto risco, é portadora de uma doença crônica. A Fundação Santa Casa acionou o Instituto Médico Legal Renato Chaves (IML) para fazer a autópsia. A médica que fez o atendimento no setor de triagem se apresentou espontaneamente à delegacia, acompanhada de testemunhas e dos procuradores da Santa Casa, para prestar esclarecimentos sobre o fato.
Maria do Carmo Lobato fez questão de ressaltar que a superlotação enfrentada pela maternidade tem origem em vários problemas, como falta de um pré-natal adequado, gestação de risco e falta de assistência aos recém-nascidos prematuros e com afecções congênitas, além da regulação de leitos nos municípios.
Secom

3 comentários:
Os médicos e hospitais da rede pública estão pouco se importando com o atendimento miserável a que estão expostos os pacientes que dependem do SUS. Minhas sinceras homenagens ao policial que deu voz de prisão à médica que relutou em prestar o atendimento. Esse policial deveria receber uma medalha pela demonstração de coragem, solidariedade e espírito público. Olha que já está sendo acusado de abuso de autoridade, ou seja, é preciso destemor para lutar contra o Sistema.
A saúde Publica no estado do Pará é uma vergonha,sempre aparecendo no cenário nacional de forma ridicula e vergonhosa,os pronto socorros e esta santa casa tratam os usuários como lixo.
Minha cunhada deu entrada no sábado na Santa Casa, foi muito bem recebida, mas por falta de UTI só pode ser feito a cesariana, pois já estava com pouco líquido e 34 semanas na segunda-feira. Graças a Deus deu tudo certo. A superlotação é visível, o governador precisa ir lá e conferir com os próprios olhos. E também precisa equipar os hospitais municipais com estruturas neo-natal(incubadoras) e construir mais Maternidades Saúde para Mulher que vai desde o pré-natal até pós -parto
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