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quarta-feira, novembro 23, 2011

Carmina Burana terá apresentação extra no Festival de Ópera

O Festival de Ópera do Theatro da Paz continua neste fim de semana com a estreia da versão encenada da cantata “Carmina Burana”, clássico do compositor alemão Carl Orff. Dirigido por Maria Sylvia Nunes, o espetáculo conta com um elenco grandioso, com mais de 200 pessoas, entre atores, cantores, coro, bailarinos e músicos da orquestra do teatro. Em função do sucesso de “Tosca”, primeiro espetáculo da edição deste ano do festival, “Carmina”, que será apresentada nos dias 26, 27 e 29, ganhou uma récita extra no dia 30. Os ingressos para esta apresentação serão vendidos a partir desta quinta, 24, na bilheteria do próprio TP.
Nesta quarta-feira, 23, uma coletiva de imprensa no Theatro da Paz apresentou a obra de Carl Orff e todo o trabalho realizado para a produção deste granbde espetáculo a ser apresentado aos paraenses. A diretora Maria Sylvia Nunes disse que “Carmina” faz muito sucesso no mundo todo como uma obra sinfônica e que poucas vezes foi encenada, “principalmente no Brasil”. Esta é a primeira vez que a obra é realizada desta forma no Pará, marcando também o retorno de Maria Sylvia aos palcos.
“Quando pensamos em montar o ‘Carmina Burana’ me veio a época dos séculos XIV e XV. Uma época sombria, muito escura. Por isso o figurino, os cenários e todos os elementos do espetáculo foram concebidos e inspirados a partir destes conceitos. É um desafio muito grande, pois além de ser o meu retorno aos palcos como diretora, é preciso criar harmonia em um elenco de mais de 200 pessoas, entre cantores, atores, músicos, corais. E eu acredito que conseguimos uma boa integração”, ressaltou a emblemática Maria Sylvia.
No elenco, estão cantores que já se apresentaram no Theatro da Paz e se sentiram honrados em voltar novamente ao palco da casa paraense. O barítono uruguaio Federico Sanguinetti, que esteve há oito anos em Belém, disse que a sensação de se apresentar no TP é indescritível. “É um clássico que será apresentado de forma inusitada nesta casa. A suntuosidade e a acústica do teatro deixaram o espetáculo ainda mais grandioso”.
Além do uruguaio, há paraenses também em “Carmina”. Entre eles está a soprano Lys Nardoto, que já se apresentou em outros Estados, e o maestro Miguel Campos Neto, atual regente da orquestra do TP. Ele, em especial, tem muita história para contar. “A minha carreira tem a ver com o Theatro da Paz, pois a primeira obra que assisti foi aqui e, desde então, tive vontade de seguir na música erudita. Fiz o conservatório Carlos Gomes, participei da primeira formação da orquestra do teatro, estudei nos Estados Unidos e voltei agora para assumir a regência titular. Por isso esse teatro faz parte da minha formação”, revelou o maestro, que regerá 85 músicos durante este espetáculo do Festival de Ópera do TP.
O clássico de Carl Orff
Segundo Gilberto Chaves, coordenador-geral do Festival, Carmina Burana foi o grande desafio escolhido para este ano. “Escrita como cantata cênica, tornou-se célebre na sua versão de concerto. Ao executá-la na forma teatral, da maneira como vamos fazer em Belém, entramos no delicado terreno da aventura e da ousadia: dar vida a textos compostos por trovadores, monges lúbricos desgarrados, bêbados e vagabundos de toda espécie que cantam, poética e livremente, as mutações que envolvem a natureza e a interação que esta provoca nos homens” afirma.
“Carmina Burana” não conta uma história linear, daquelas com começo, meio e fim. Não há “enredo”. O compositor Carl Orff, descendente de uma antiga família de eruditos e militares de Munique, teve acesso a uma coletânea de poesia medieval, musicou alguns dos poemas em canções seculares para solistas e coro, e assim faz surgir a cantata. A obra estreou em junho de 1937, em Frankfurt e foi, de imediato, um sucesso arrasador, tornando-se um dos temas musicais mais conhecidos de todo o mundo. Faz parte da trilogia "Trionfi" que Orff compôs em diferentes períodos, e que compreende os "Catulli carmina" (1943) e o "Trionfo di Afrodite" (1952).
A cantata é emoldurada por um símbolo da Antiguidade — a Roda da Fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente boa e má sorte. É uma parábola da vida humana exposta a constantes mudanças, mas não apresenta uma trama precisa. Orff optou por compor uma música inteiramente nova, embora no manuscrito original existissem alguns traços musicais para alguns trechos.
“Carmina” é estruturada em prólogo e duas partes. No prólogo há uma invocação à deusa Fortuna na qual desfilam vários personagens emblemáticos dos vários destinos individuais. Na primeira parte se celebra o encontro do Homem com a Natureza, particularmente o despertar da primavera – "Veris laeta facies" – ou a alegria da primavera. Na segunda, "In taberna", preponderam cantos que celebram as maravilhas do vinho e do amor (“Amor volat undique”), culminando com o coro de glorificação da bela jovem ("Ave, formosissima"). No final, repete-se o coro de invocação à Fortuna ("O Fortuna, velut luna”).
Serviço: A bilheteria do Theatro da Paz funciona de 9h às 18h a partir desta quinta-feira, para a venda dos ingressos extras de "Carmina Burana". Nos dias de apresentação (26, 27, 29 e 30), as vendas ocorrem até às 20h.
Thiago Melo – Secom

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