A mãe
da pequena E.L.B, de 5 anos, Alessandra Lima, diz que a filha ganhou uma nova
vida após a cirurgia realizada na última semana pelo cirurgião pediátrico
Maurício Iasi e equipe médica da Santa Casa. Alessandra, moradora do município
de Uruará, na região da Transamazônica, disse que a filha tinha varizes no
esôfago e como consequência sofria com uma hemorragia que a fazia ficar anêmica.
E.L.B. foi internada na Santa Casa no início deste mês, onde é acompanhada
desde o início do ano pelo grupo do fígado que atua no hospital.
A
Fundação Santa Casa foi a primeira instituição do Norte do país a realizar uma
cirurgia de hipertensão portal pediátrica. A intervenção foi feita com sucesso
pelo cirurgião Maurício Iasi. A hipertensão portal provoca frequentemente um
aumento do volume do baço. Uma certa quantidade de líquido pode sair do fígado
e acumular-se na cavidade abdominal, ocasionando assim a sua distensão, um
processo denominado ascite. As veias varicosas situadas no extremo inferior do
esôfago e no estômago sangram facilmente e por vezes de forma massiva.
Para
Maurício Iasi, que é cirurgião pediátrico e de transplantes de órgãos abdominais,
a cirurgia na criança estancou uma hemorragia grave que poderia levá-la à
morte. Segundo o médico o procedimento foi feito na veia porta que estava
entupida e causava vários sangramentos. Para garantir o sucesso da cirurgia foi
feito um desvio na área do abdômen, que manteve o fluxo de sangue que vai para
o fígado. A partir de agora será feito um acompanhamento médico da evolução da
paciente, que recebeu alta do hospital neste fim de semana.
Segundo
o médico, existem muitas crianças com este problema na região amazônica. Por
isso é fundamental que o diagnóstico de hipertensão portal: trombose da veia
porta, que é a causa mais frequente de sangramento digestivo em criança, seja
feito o quanto antes. “Paciente que tem um diagnóstico desses no sistema digestivo
a mortalidade é alta se não for tratado em um tempo mais curto possível”,
destaca Maurício.
A
cirurgia inédita feita na pequena E, na Santa Casa, é o começo de uma nova
etapa no trabalho avançado, na área médica, realizado pelo projeto
"Amazônia Transplante", cuja finalidade é desenvolver de maneira
descentralizada um programa de transplante renal em várias regiões do Pará como
Redenção (sudeste do estado) e Santarém (oeste do Pará). Segundo Maurício Iasi,
além dessa descentralização há também um trabalho de captação de órgãos. No
último ano o Pará passou de 0,2% de doadores para cada 1 milhão de habitantes
para 3.4%.
Maurício
Iasi disse que o governo está buscando a construção de um hospital amazônico de
transplante para que todos esses programas, na área médica, possam ser
desenvolvidos na região. Esse projeto tem a parceria do Amazônia Transplante,
Sespa, Instituto Evandro Chagas e Ministério da Saúde.
Avanços
Neste
ano já foram realizados 76 transplantes, dos quais 60 foram de córnea e 16 de
rim. Ano passado foram realizados no Estado 55 transplantes de rim, sendo que o
Pará se tornou o 14º Estado no País que mais realizou o procedimento. Segundo o
coordenador estadual da Central de Transplante, André Rodrigues, o objetivo é
estar entre os 10 para esse gênero. “Neste ano, nosso intuito é realizar 75
procedimentos para que subamos para o 10º lugar neste ranking”, destacou.
André
Rodrigues ressaltou que o serviço de transplante é uma das prioridades da atual
gestão, por isso a meta é implantar polos nos hospitais do interior do Pará que
tenham infraestrutura para assistir o paciente em sua própria cidade. “Isso é
interesse do governo do Estado em dar oportunidade para todos os pacientes
realizarem seu tratamento sem que se desloquem de suas cidades. Valorizar a
sociedade que precisa ser tratada ao lado de sua família sem ter necessidade de
se deslocar para outra cidade”, conclui.
Texto:
Samuel Mota-Santa Casa
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