Bento XVI dispensou regras e iniciou processo
antes do período habitual.
Saiba como um religioso se torna
santo e como será a cerimônia domingo.
Amauri Arrais
Do G1, em São Paulo*
O processo de beatificação do Papa João Paulo II, neste domingo (1º), é um passo prévio à canonização do pontífice, morto em 2005.
Desde que se facilitou o caminho da canonização para os futuros santos, graças à reforma do Código de Direito Canônico de 1983, diminuíram os obstáculos e exigências para se chegar a santo.
São três as etapas principais pelas quais deve passar o candidato a santo: confirmação das "virtudes heroicas", beatificação e canonização, para as quais se necessita a comprovação de pelo menos dois milagres (veja quadro abaixo).
O polonês Karol Wojtyla morreu em 2 de abril de 2005, após um pontificado que durou 27 anos. Na própria noite em que foi anunciada sua morte, a multidão presente na Praça de São Pedro pedia que ele fosse declarado santo imediatamente.
A causa de beatificação do papa é uma das mais rápidas da história. Ela teve início um mês após a morte de João Paulo II, quando seu sucessor, Bento XVI, dispensou as regras e deu início às investigações da santidade, que em geral só ocorrem cinco anos depois do falecimento.
Toda esta comoção gera uma expectativa na comunidade católica de que o pontífice também percorra rapidamente o caminho para ser considerado santo. Provavelmente, João Paulo II deve ser nomeado magno, título honorífico que só foi concedido até hoje a dois outros papas, o que colabora com o processo de canonização, diz o consultor canônico da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Hugo Cavalcante.
Cerimônia: A cerimônia de beatificação será presidida pelo Papa Bento 16 neste domingo, às 10 horas locais (4h de Brasília), na Praça São Pedro, diante de cerca de 300 mil peregrinos e delegações de 87 países.
O cardeal de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, representará a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na beatificação. O arcebispo emérito da cidade, Dom Claudio Hummes, também estará presente no evento.
Neste sábado haverá uma vigília, com a presença da freira francesa que teria sido curada por João Paulo II. O reconhecimento desse milagre foi a última etapa do processo de beatificação.
Após a cerimônia do domingo, haverá outra missa, de agradecimento, na segunda-feira, também na Praça de São Pedro.
A Basílica de São Pedro deve permanecer aberta durante toda a noite do dia 1º para o dia 2 de maio, para que os fiéis possam fazer sua homenagem ao papa, cujos restos ficarão guardados na capela de São Sebastião, ao lado da Pietà de Michelangelo, do lado direito da Basílica.
No total, a Prefeitura de Roma e as autoridades vaticanas esperam a chegada de cerca de 1 milhão de peregrinos.
Durante a cerimônia, segundo o Vaticano, também será exposta uma ampola com sangue do papa, relíquia que será venerada pelos fieis. O caixão que contém os restos do papa, porém, não será aberto.
‘Fama de santidade’: O primeiro passo para o processo de beatificação geralmente é dado pela diocese à qual pertence o candidato e dificilmente antes dos cinco anos posteriores à sua morte. A conclusão pode demorar décadas ou, em alguns casos, séculos.
Durante a investigação, primeiro se demonstra que o candidato tinha "fama de santidade" e que merece ser proposto à canonização. O postulante deve reunir toda a informação, de depoimentos até cartas e escritos, para demonstrar que o candidato praticava de forma "heroica" e continuada as virtudes da fé.
Postulante da causa de beatificação e canonização de João Paulo II, o monsenhor Slawomir Oder entregou o dossiê sobre a vida, virtudes e fama de santidade de João Paulo II em março de 2007, dois anos da morte do papa.
Todo o material recolhido na fase diocesana do processo é entregue à comissão histórica da Congregação, que certifica a ocorrência de um milagre pós-morte. Com isso, o candidato é qualificado para a beatificação, o primeiro passo para que ele se torne santo.
No caso de João Paulo II, a Congregação para a Causa dos Santos -seção da Cúria que cuida do processo de beatificação- avaliou o caso da freira francesa irmã Marie Simon-Pierre Normand que foi inexplicavelmente curada de mal de Parkinson, a mesma doença degenerativa do papa, em junho de 2005, dois meses após a morte dele.
Conforme as regras da Igreja Católica, outro milagre será necessário depois da beatificação, para que todo o processo de santificação seja finalizado.
Milagre: Demonstrar a validade de um milagre não é tarefa fácil. A Congregação para as Causas dos Santos se vale da assessoria de uma equipe de 70 médicos e vários especialistas, assim como de estudos clínicos aos quais é submetido o indivíduo supostamente curado por um milagre.
Uma primeira aproximação do fenômeno é que a cura tenha acontecido de forma instantânea, perfeita e duradoura e inexplicável cientificamente, como a de uma doença incurável ou muito difícil de se tratar.
Além da informação sobre a religiosa francesa, no dossiê sobre João Paulo II constam diversos testemunhos sobre a santidade do papa, ou das graças que as pessoas afirmam ter recebido.
São vários casos de pessoas que garantem terem sido curadas de câncer depois de rezarem para o papa. Entre os potenciais milagres, também figuraram exemplos de gravidez com riscos.
*(Com informações da BBC, France Presse e Efe)
Um comentário:
Tem que morrer pra virar "santo"? Os da época de Jesus precisaram??? No meu testamento eu posso deixar a maior parte da herança àquele que disser que eu fiz 2 milagres? ;]
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